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COLÓQUIO ESCOLAS DA PERCEPÇÃO ANO II Debates

 A PEQUENA JANELA DOS SENTIDOS

Profa. Maira Fróes (ICB/PAN/HCTE/Espaço Alexandria UFRJ)
“Meu mundo, e somente ele, habito, somente por ele transito, tão particular, tão de mim indissociável, no absoluto, imponderável, quiçá minúsculo, o mesquinho mundo das sensações minhas, o mundo dos meus movimentos, das minhas necessidades, dos meus entendimentos, dos meus desentendimentos, dos meus julgamentos, das minhas paixões, e esse mundo é de tal alardeado, por tantos, meus ‘todos’, espelhado… Gigantesca arrogância, essa minha, de ser…” (MMF)
O grupo interdisciplinar Anatomia das Paixões acredita que a combinação única, intencional, e não hierárquica, de arte e ciência esteja na raiz de uma plataforma inovadora, contemporânea, de criação e análise do conhecimento científico, onde a arte atuaria como catalisadora da lógica e do insight intelectual aplicados à ciência.
Vemos a arte, seu valor simbólico, seu grande poder de significação complexa, como fortíssimo comunicador humano, capaz de agregar-nos, pelas sensações de pertencimento e auto-reconhecimento, ao nosso mundo perceptual, aprofundando-nos na avaliação de sua natureza implícita, contrariamente ao estabelecido pela ciência moderna. Enquanto inspiradora para a consciência e para ciência, acreditamos no poder da arte em alargar a pequena janela dos sentidos disponível à ciência, transformando  e concebendo um novo homem na prática de suas criações e no reconhecimento de suas verdades.


SONHO, PERCEPÇÃO E SIMULAÇÃO
Prof. Sidarta Ribeiro (Instituto do Cérebro UFRN)
Um dos principais eixos da vasta contribuição de Sigmund Freud é o estudo dos sonhos. Para Freud a narrativa onírica é marcada por elementos da vigília (restos diurnos) com sentidos ocultos ligados à experiência subjetiva do sonhador e à satisfação de seus desejos íntimos. Freud observou também que os sonhos se assemelham ao delírio psicótico, postulando a intrusão onírica como origem da alucinação patológica.
Polêmicas na Europa, as idéias de Freud chegaram a impactar a medicina norteamericana, interessada no método psicanalítico e na relação entre sonho e delírio psicótico. Mas a partir dos anos 1950, com o advento das drogas antipsicóticas e a descoberta de que os sonhos ocorrem durante um estado neurofisiológico específico (sono REM), houve uma progressiva rejeição da teoria freudiana na biologia. A despeito desta separação profunda, a investigação neurocientífica dos últimos quinze anos gerou resultados que atualizam as contribuições de Freud.

Disse Alberto Caeiro que pensar é estar doente dos olhos, mas o que é ver sem pensar? O que diferencia a visão consciente da visão inconsciente? É possível enxergar vividamente coisas imaginadas? As regiões corticais dedicadas à visão podem ser usadas para outros sentidos? Qual a diferença entre percepção visual e sonho? http://pluralneuro.files.wordpress.com/2010/11/freud-e-sonhos2-sidarta_ribeiro.pdf

JOGO DAS CONTAS DE VIDRO FRACTAIS: COLABORAÇÃO BIOCIBERMOTORA MUSICAL
Eufrasio Farias Prates (Inst. Artes UnB)
Apresentação de instalação interativa, incluindo abertura e explanação de funcionamento de software.
Refs:

O Jogo das Contas de Vidro Fractais tomou por inspiração a obra de Hermann Hesse sobre uma sociedade futura que se dedicava a um sofisticado jogo integrando música, matemática, cultura e filosofia. Nesta versão computacional, fractais gerados pela equação iterativa de Gaston Julia: F(x)=(z.z)-(z/c)2 (onde “c” é um número complexo representando a razão áurea) são convidados a mediar o diálogo entre inteligência biológica e artificial. A primeira realiza melodias imprevisíveis por meio de movimentos corporais capturados por uma webcam e convertidos em dados processados pelo algoritmo. Tais dados são armazenados e passam a compor uma base de dados a partir da qual a  inteligência artificial construirá sua improvisação, crescentemente complexa conforme se amplia o vocabulário e sua base de aprendizagem.
Diversamente de um jogo entre adversários, esse jogo busca estimular as dimensões mais complexas da percepção a partir das analogias entre as melodias geradas pela cooperação entre humano e ciborgue. Imagens da webcam são misturadas a fractais e projetadas como forma de monitoramento do funcionamento do sistema e de estímulo lúdico visual, o que torna o sistema plausível para portadores de deficiência auditiva.

A poética dessa ciberinstalação sustenta-se em transduções semióticas de noções da física holonômica, da teoria do caos e da geometria dos fractais, tais como imprevisibilidade, acausalidade, multidimensionalidade, paradoxalidade, omnijetividade, etc.

A percepção dessas noções depende, naturalmente, de uma refinada disponibilidade cognitiva para perceber a subversão das relações de causa e efeito, a ausência de referenciais absolutos, as quebras na linearidade e o crescimento da complexidade dos timbres, ritmos e sucessões melódicas imprevisíveis gerados na interação coautoral com a obra-processo. Isto não impede, entretanto, que qualquer interator encontre suas próprias formas de interpretar ludicamente o diálogo estabelecido com o sistema. Propõe-se a ele, a partir dessa experiência, estímulos para a ampliação de suas capacidades perceptivas e de sua visão paradigmática.

Youtube: Eufrasio Prates

PEQUENAS PERCEPÇÕES: CONTORNOS DE UM GESTO EM ARTE?
Profa. Leila Reinert (Universidade Mackenzie SP)
Algumas relações estabelecem A ARTE, O ARTISTA, como quase mágicas. Por isso pensei em alguma coisa bem “pessoal”, num certo sentido. É um gesto, um modo de existir, um modo de perceber, dentre muitos outros. É um processo, um procedimento de pesquisa, uma proposta de ensino dentre tantas outras possíveis.
Como um gesto em arte está articulado à nossa percepção do entorno, à nossa atenção com as coisas? Não importa se estamos projetando uma ação com os recursos mais sofisticados, altas produções, ou se desenhamos com cabelo nos azulejos do banheiro enquanto tomamos banho. Em ambas as circunstâncias é a percepção que temos do processo vivenciado, ou experimentado, que produz arte. E não importa se sou aluno regular ou das quebradas. O que faz fazer arte não são os recursos materiais, domínios técnicos/tecnológicos, apoios financeiros, e sim um modo de estar no mundo, de habitar uma existência. Quero dizer: há trabalhos de alto custo que não dizem nada, e trabalhos sem orçamento que mudam o mundo. Problematizar é a questão.
Deleuze diz que o importante não é se dar bem em arte, mas na vida.


RECRIANDO RACIONALIDADES: UMA ABERTURA PARA A MULTIPLICIDADE DAS FORMAS DE SER NO MUNDO
Dra. Virginia Chaitin (Programa de Pós-Grad. HCTE UFRJ)
O impacto desejado é de um estado de reflexão tranqüilo e perspicaz, que convide a uma abertura para (re)invenção de uma razão-percepção humana que abrigue uma experiência pensamento-sensação menos massificada e massificadora, menos manipulável por correntes culturais impositivas, por modelos estéticos pré-estabelecidos, por ideologias, modas, ou quaisquer instrumentos de controle social que dificultam e até impedem uma experiência vivenciada de modo efetivamente singular.
Falaremos de uma filosofia pluralista, transdisciplinar, que mescla a epistemologia à antropologia, à lingüística cognitiva e à crítica da arte, com o desejo de ser um caminho para fora da armadilha do binômio racional-irracional, e da incomunicabilidade para com “o outro”, que “vê o mundo de forma diferente”. Este caminho pluralista pretende nos levar a um caleidoscópio de diferentes formas de discernir, classificar, ordenar e atribuir sentido às nossas experiências pessoais e em grupo, usufruindo da potencial singularidade das relações e formas de ser no mundo.


CINEMA, PSICOLOGIA E CULTURA: UMA HISTÓRIA DE EXPANSÃO DOS SENTIDOS
Prof. Francisco Rômulo (Inst. Biociências USP)
O surgimento do cinema no final do século XIX e a maneira como o cinema se constitui como elemento consolidador das mudanças anatômicas e fisiológicas pelo qual passa o homem moderno se configura em comum acordo com estudos da psicologia das multidões caracteristicos do perído em questão. Os estudos de psicologia a partir da segunda metade do século XIX propunham explicar uma nova relação entre o individuo e os diversos estímulos o qual era exposto nas metrópoles no processo de urbanização acelerado. Outro ponto importante de nosso exame é localizar a relação entre cinema e Psicologia na fase conhecida como ‘cinema silencioso’.


OUTRAS PARTICIPAÇÕES

09/11/11 – quarta feira à tarde

Tetsuo Takita

Projeto: Video can 38
(no máx. 7 min.)
Estudo iniciado em O corpo e a imagem. A imagem da imagem; escópico; voyerismo; Quando a imagem é projetada sobre corpos sobretudo humanos faz-se o questionamento. O corpo precisa da mídia imagem? A meu ver, não. O corpo se basta. Mas a imagem sim precisa de um corpo nem que seja para direcionar a câmera.


10/11/11 – quinta feira à tarde

Anick Lorena
Artista circense

Poema e tela, tema: palhaço.

Felipe Araujo
Poeta de rua

Focaliza a questão da "loucura" e da expressão do dito “louco” (ref. Nise da Silveira, Museu de Imagens do Inconsciente). Instalação com fotos das imagens produzidas pelos freqüentadores do museu, poesia e cartaz.

Júlia Almeida
Profa. Associado da UFES – Universidade Federal do Espírito Santo

Comunicação: Entre texto e imagem, título e quadro: modos modernos e contemporâneos de ver e dizer
Breve discussão sobre a relação entre título e quadro na pintura de Gonçalo Ivo, a partir das reflexões de Jean-Pierre Changeux  e Michel Foucault.




 

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